quarta-feira, 27 de junho de 2018

O dia que comecei a pensar em minimalismo


Olá pessoal, tudo bem? Trago boas notícias: finalizei as disciplinas da faculdade. Depois conto como foi esse projeto. Agora já posso  retomar meu divã aqui.
O post de hoje é sobre um caminho que a minha vida tomou quando fiz 40 anos e que acredito que vai me ajudar pelos próximos 40 ou mais... o dia que comecei a pensar minimalista.
Era mais uma visita de final de semana na casa de minha sogra. Ela perguntou como eu estava e lhe disse que o cansaço era grande, pois a diarista adoeceu e precisou faltar e eu tive que colocar em ordem as coisas de todo mundo, o que incluía do meu marido e seus dois filhos. A reação de minha sogra foi muito enfática, ela me olhou e perguntou se eu estava com saudades da minha pobreza franciscana. Na hora só falei que não estava e voltei para casa com aquela pergunta na cabeça.
Meditação de são Francisco.
Caravaggio

Dias depois de processar o evento, fui buscar fotos de minha casa de quando eu era solteira e vi que era tudo bem simples, espaçoso e útil. Na sala havia um sofá, um rack com uma TV, DVD e aparelho de som, dois porta retratos e souvenir de viagem. Na sala de jantar havia uma mesa de madeira maciça com 4 cadeiras, que depois substitui por uma de metal, duas prateleiras com mais souvenir e presentes. Na cozinha, um paneleiro e um armário aéreo de duas portas. O fogão era minúsculo e a geladeira era a menor que existia. Já no home office havia uma estante de bambu com meus livros, um cabide com minhas bolsas, um painel de cartões postais e minha cama de criança, além de minha mesa com o computador. Na suíte, minha cama de madeira maciça, minha mesa de cabeceira, um guarda-roupa e nada mais. Na varanda tinham duas cadeiras modelo diretor de cinema, plantas e só. 
Percebam que eu não vivia realmente um estilo de pobreza franciscana. Tinha móveis úteis e de boa qualidade, investia em materiais duráveis, como madeira e bambu e tinha um estilo mais intimista. Com o casamento tudo se multiplicou. Na hora de fazer a lista para os presentes senti a pressão: pedir o que era caro, ou só sugerir o que seria útil e que não possuía ainda? Optamos pela segunda opção e fizemos nosso casamento uma festa feliz para todos que puderam nos presentear com aquilo que faria parte de nosso cotidiano.
Então depois de examinar as fotos, entendi que minha sogra estava confundindo consumismo com bem estar. Eu mesma estava vivendo essa confusão, acumulando mais do que devia, usando todo o meu crédito para comprar coisas que no mês seguinte não fariam mais sentido para mim ou para a minha família. 
Quando eu era solteira, não gastava tanto tempo limpando, organizando, arrumando. Pagava o financiamento da minha casa, a prestação do meu carro e ainda sobrava dinheiro todo ano para fazer uma viagem. Saía com os amigos para bares, restaurantes e podia comprar uma roupa ou sapato quando o evento pedia algo novo e especial. Claro que já fui muito consumista, investindo em roupas de marcas, joias de ouro, bolsas de grife, mas quando tive meu primeiro problema com cartões e precisei da ajuda de minha mãe para controlar as compras, foi quando realmente repensei aquela trajetória de gastos. Por isso, quando fui morar sozinha aos 24 anos, minha prioridade era ter uma morada funcional e nada mais.
Aquela frase de minha sogra me fez questionar os meus últimos anos de compras por impulso e hoje só posso agradecer o bem que ela fez me lembrando que “menos é mais”. Busquei aprender sobre como retomar aquele caminho. Li Marie Kondo dois atrás, me encantei com ela, mas precisava de algo mais forte. Vi o documentário Minimalism, na Netflix e percebi que buscava um meio termo. Foi então que me caiu nas mãos o livro de Francine Jay e então percebi que ela era o farol que eu estava buscando. Devorei o livro em uma semana, lendo sempre que tinha tempo, tomando nota, fazendo planos, e partilhando isso com minha irmã, a jornalista Andrielle Mendes.

Francine Jay.
Documentário disponível na Netflix.


O primeiro foco foi nossa sala, que aqui abriga home office, sala de estar e sala de jantar. Foi libertador retirar livros, DVDs, CDs, objetos de decoração, porta retratos e ver as superfícies livres para o que precisasse ser feito.
O segundo foco foi o quarto de nossa futura filha. Em 3 anos de espera eu já tinha muitas coisas, como baldes, cesto, kit de berço, brinquedos comprados por impulso, bolsas de maternidade de primeira linha, mamadeira, chupeta, kit higiene, lembrancinhas para o chá de boas vindas, ou seja, quase tudo o que um bebê precisa. Algumas coisas foram doadas para 2 bebês, e o que ficou, está aguardando para ir pro novo lar.
O resultado foi que em 60 dias descartei 365 objetos, ou seja, a meta de um ano para um minimalista iniciante. Imaginem quantas coisas havia na nossa casa que não eram mais utilizadas, ou estavam aguardando um evento especial, ou até mesmo a pessoa especial chegar, nesse caso, estou falando de tudo o que eu tinha comprado para quando nossa bebê chegasse pela cegonha da adoção.
Sobre o destino das coisas? A maioria foi doada. A casa Seara Espírita Francisco de Assis vai receber parte dos objetos para o bazar solidário que existe lá. Outras coisas vou oferecendo para quem eu sei que vai precisar montar um lar. É assim que aquilo que não é mais útil para nós vai sendo importante para quem precisa. 
O trabalho por aqui não terminou, apenas começou. Ainda vou me dedicar aos armários de roupa, armários da cozinha e armários do meu home office, e a certeza é que muita coisa ainda vai sair, para que o bom humor, a alegria e o tempo livre se juntem e nos ajudem a ter nossos momentos em família sob as bênçãos de São Francisco.



Ser minimalista é um processo. Não quero ser o filósofo estoicista Diógenes, que só tinha um pão, uma roupa e um barril para viver. Mas quero ser uma pessoa que vai trabalhar não para pagar pelas coisas e sim para viver novas e boas experiências, valorizando o ser no lugar do ter.

E vocês? Que área de suas vidas precisam destralhar? Venham comigo e redescobriremos juntos um novo estilo de vida.

Um grande abraço e até logo.

Andreia Regina


Você vai gostar de:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...