terça-feira, 21 de agosto de 2012

30 dias de saudades de Ouro Preto


Hoje faz um mês que deixamos a cidade de Ouro Preto e ainda não deixei de sonhar com a sua imagem, seus cheiros e texturas.  Ainda lembro de quando chegamos e a primeira visão que tive da antiga Vila Rica quase me deixou sem ar. Seus morros tomados por torres de igrejas seculares nos transporta para outro tempo.



Exploramos a cidade intensamente, sempre caminhando com um mapa na mão que nos indicava o lugar exato dos tesouros da cultura e do patrimônio. Olhar para aquelas paisagens representava re-significar o olhar cada dia. Talvez, a pessoa que portava os óculos que achei no adro da Igreja do Carmo tenha saído com a vista curada e abandonado o seu acessório, já que não fazia mais sentido algum tê-lo. Ouro Preto é um verdadeiro colírio para os olhos.

Minha primeira preocupação na época de organização da viagem foi com a escolha do lugar no qual ficaríamos por uma semana. Foi uma pesquisa longa, mas que me levou direto para uma habitação com quase três séculos de história e que exigia uma certa reverência, daquelas que temos quando entramos nos lugares que guardam uma áurea. Assim, como não nos definimos como turistas e sim como viajantes, nos hospedamos em Ouro Preto em uma antiga residência do século XVIII, a pousada Pouso dos Sinos.
Pousada Pouso dos Sinos- Ouro Preto.
Paredes muito sólidas, piso e teto em madeira, móveis seculares e uma decoração inspirada nas antigas casas de fazenda mineiras, são esses os elementos que definem o nosso pouso. A localização totalmente privilegiada nos brindava cada manhã com um cenário diferente além de nossa janela e a presença abençoada da Igreja de São Francisco nos deixava mais confortáveis e felizes. 

O Pouso dos Sinos oferecia um café da manhã que despertava todas as nossas fibras para encarar as muitas ladeiras da cidade.


O quarto que ficamos hospedados tinha essa cama maravilhosa coberta com várias colchas e pronta para receber um romântico dossel. Havia um leve declive no piso, o que me deixava angustiada, e que você pode perceber pelo ângulo da foto.
 Um charme era essa cortininha no vidro da porta do quarto, que impedia que entrasse a luz da sala principal.
 O cabideiro foi o meu segundo item favorito, inclusive encontrei dele para vender, mas viajando de avião nunca podemos ousar mais.
As nossas andanças nos levaram para belíssimas igrejas, algumas no centro histórico e outras localizadas no sítio de fundação da cidade, como a Capela do Padre Faria e a Igreja de Santa Efigênia.
Também enfrentamos longas caminhadas em busca da casa de Dorotéia, a famosa Marília de Dirceu. Percorremos toda a Ouro Preto localizando cada uma das pontes que Tomás Antonio Gonzaga faz alusão no seu famoso poema. Encontramos essas duas imagens na antiga casa que o poeta inconfidente morou.
É uma história de amor que não se concretizou em função da resistência da família da moça e dos envolvimentos políticos do jovem. Mas toda Ouro Preto conhece os destinos dessas suas personalidades e suas presenças são bem marcadas na antiga Vila Rica.
 Mas quem merece os créditos de ter nos auxiliado em nossa busca pelo romance dramático entre o poeta e a donzela foi a autora Lúcia Machado de Almeida. Seu livro foi nosso guia, companheiro de jornada e muitas vezes nossa bússola. Sem o trabalho dessa pesquisadora, teríamos ao final da viagem, uma visão totalmente parcial e distante da realidade dessa cidade dourada.
Não poderia deixar de falar do produto mais tradicional da cozinha mineira, o pão de queijo. Tão diferente do que comemos nas lanchonetes e padarias daqui. O pão é grande, com bastante queijo e geralmente servido com um recheio. Tem como resistir? Claro que não. 
Enfim, confesso que deixei Ouro Preto com lágrimas nos olhos. Nunca amei tanto uma cidade assim. Foi um amor à primeira vista e que no primeiro instante já me deixou cheia de saudades. Eu pensava que tinha amado Lisboa e Sidney, porém nunca sonhei em retornar com a mesma força que imagino nossa próxima viagem para Ouro Preto. Vamos assim curtindo os próximos anos de saudades.


2 comentários:

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    1. Olá Maria Rita, tudo bem? Então somos duas apaixonadas pela mesma cidade e isso é muito bom! Eu sonhava com Minas Gerais desde criança, mas achava tão longe que nunca pensei que viveria dias tão únicos naquela terra. E agora que faz nove meses que retornei de lá, só penso em quando vou retornar. Eu também espero morar lá um dia, quem sabe não seremos vizinhas?
      Um grande abraço e fica com Deus.
      Andreia Regina

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