domingo, 24 de junho de 2012

Histórias do tempo da vovozinha

Quando eu era adolescente e me perguntavam onde eu tinha aprendido a gostar tanto de história eu sempre dizia: foi em casa.
Na primeira infância cresci ouvindo minha avó materna contar histórias fantásticas de princesas indefesas, reis gananciosos, lobisomens famintos e da mula do padre. O cenário era sempre o mesmo: noites sem energia elétrica. E o mais fascinante é que  no final ela sempre dizia que conhecia uma das personagens ou que alguém da família dela era comadre ou compadre do lobisomem ou da mula do padre. Nossa imaginação fervilhava naquelas noites e depois incorporava um elemento ou outro de cada história.
O Jardim de Infância Angélica, uma escolinha do projeto Casulo presidido pelo padre Tiago foi outra grande influência. A nossa primeira professora, chamada Apresentação, era muito amorosa e festiva e gostava de contar histórias e cantar músicas infantis conosco. Foi outro momento de socialização. Lembro de um episódio bem marcante para mim, quando ela recebeu  caixas de lápis de cor com imagens de contos de fadas, ela abasteceu nossos potes  com as coleções e me entregou para brincar as caixas vazias. Ali foi meu primeiro tesouro. 
Quando mudamos para longe de minha avó, minha mãe decidiu comprar livros de contos de fadas e sempre que eu e meu irmão mostrava um bom comportamento, ela lia para nós. O mais lindo deles era o de Branca de Neve e os sete anões. Mesmo quase vinte anos depois de ter visto esses primeiros livros, ainda lembro de todos eles. Também tinha discos de vinil lá em casa com várias histórias infantis e musiquinhas da cultura popular. Eu aprendi todas e até hoje gosto de cantar se existe alguma criança pequena por perto para dormir.
Na verdade, o gosto pela história me inspirou a abandonar o sonho de ser bióloga e correr para a fila que arregimentava os novos seguidores de Clio. E quando comecei minha faculdade de História encontrei uma mestre que alimentou meu gosto pela história em outro nível, a professora Maria das Graças Brandão Soares. Foram anos de lições, didática e de um excelente trabalho marcado pelo afeto. Ela se tornou minha terceira influência no gosto por contar histórias e assim permanece até hoje.

Sessão de autógrafos no Midway Mall no dia 16 de junho.

Mas foi semana passada que tive um encontro casual e muito feliz. Estava na Livraria Siciliano do Midway Mall-Natal para ganhar meu presente de aniversário, um livro sobre como fazer cupcakes. Foi quando encontrei a professora Graça Brandão autografando a segunda edição do seu elogiado livro Brincadeiras do tempo da Vovozinha.

Autógrafo cheio de afeto e desenhos animados

Nova edição do livro Brincadeiras do tempo da  Vovozinha.



















                                                                          

Voltei para casa animada e comecei a ler o livro imediatamente. Cada página foi um reencontro feliz com minha infância e com cada uma das minhas referências e inspirações infantis. Graça Brandão  como excelente historiadora e na qualidade de avó coletou histórias, parlendas, cantigas populares, jogos, trava-línguas e a biografia de cada um dos grandes escritores de contos infantis e criou um livro-presente para todas as gerações. Tenho meu exemplar e vou ler para meus sobrinhos, enteados e no futuro, meus filhos. Só peço a Deus que abençoe sempre a sensível e afetuosa vovó Gracinha e que possamos desfrutar da sua presença e sabedoria por muito tempo ainda.

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