Olá
pessoal, tudo bem? Trago boas notícias: finalizei as disciplinas da faculdade. Depois
conto como foi esse projeto. Agora já posso retomar meu divã aqui.
O
post de hoje é sobre um caminho que a minha vida tomou quando fiz 40 anos e que
acredito que vai me ajudar pelos próximos 40 ou mais... o dia que comecei a
pensar minimalista.
Era
mais uma visita de final de semana na casa de minha sogra. Ela perguntou como
eu estava e lhe disse que o cansaço era grande, pois a diarista adoeceu e
precisou faltar e eu tive que colocar em ordem as coisas de todo mundo, o que
incluía do meu marido e seus dois filhos. A reação de minha sogra foi muito
enfática, ela me olhou e perguntou se eu estava com saudades da minha pobreza
franciscana. Na hora só falei que não estava e voltei para casa com aquela
pergunta na cabeça.
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Meditação de são Francisco.
Caravaggio
|
Dias
depois de processar o evento, fui buscar fotos de minha casa de quando eu era
solteira e vi que era tudo bem simples, espaçoso e útil. Na sala havia um sofá,
um rack com uma TV, DVD e aparelho de som, dois porta retratos e souvenir de
viagem. Na sala de jantar havia uma mesa de madeira maciça com 4 cadeiras, que
depois substitui por uma de metal, duas prateleiras com mais souvenir e presentes.
Na cozinha, um paneleiro e um armário aéreo de duas portas. O fogão era
minúsculo e a geladeira era a menor que existia. Já no home office havia uma
estante de bambu com meus livros, um cabide com minhas bolsas, um painel de
cartões postais e minha cama de criança, além de minha mesa com o computador.
Na suíte, minha cama de madeira maciça, minha mesa de cabeceira, um
guarda-roupa e nada mais. Na varanda tinham duas cadeiras modelo diretor de
cinema, plantas e só.
Percebam
que eu não vivia realmente um estilo de pobreza franciscana. Tinha móveis úteis
e de boa qualidade, investia em materiais duráveis, como madeira e bambu e
tinha um estilo mais intimista. Com o casamento tudo se multiplicou. Na hora de
fazer a lista para os presentes senti a pressão: pedir o que era caro, ou só
sugerir o que seria útil e que não possuía ainda? Optamos pela segunda opção e
fizemos nosso casamento uma festa feliz para todos que puderam nos presentear
com aquilo que faria parte de nosso cotidiano.
Então
depois de examinar as fotos, entendi que minha sogra estava confundindo consumismo
com bem estar. Eu mesma estava vivendo essa confusão, acumulando mais do que
devia, usando todo o meu crédito para comprar coisas que no mês seguinte não fariam
mais sentido para mim ou para a minha família.
Quando
eu era solteira, não gastava tanto tempo limpando, organizando, arrumando.
Pagava o financiamento da minha casa, a prestação do meu carro e ainda sobrava
dinheiro todo ano para fazer uma viagem. Saía com os amigos para bares,
restaurantes e podia comprar uma roupa ou sapato quando o evento pedia algo
novo e especial. Claro que já fui muito consumista, investindo em roupas de
marcas, joias de ouro, bolsas de grife, mas quando tive meu primeiro problema
com cartões e precisei da ajuda de minha mãe para controlar as compras, foi
quando realmente repensei aquela trajetória de gastos. Por isso, quando fui
morar sozinha aos 24 anos, minha prioridade era ter uma morada funcional e nada
mais.
Aquela
frase de minha sogra me fez questionar os meus últimos anos de compras por
impulso e hoje só posso agradecer o bem que ela fez me lembrando que “menos é
mais”. Busquei aprender sobre como retomar aquele caminho. Li Marie Kondo dois
atrás, me encantei com ela, mas precisava de algo mais forte. Vi o documentário
Minimalism, na Netflix e percebi que buscava um meio termo. Foi então que me
caiu nas mãos o livro de Francine Jay e então percebi que ela era o farol que
eu estava buscando. Devorei o livro em uma semana, lendo sempre que tinha
tempo, tomando nota, fazendo planos, e partilhando isso com minha irmã, a
jornalista Andrielle Mendes.
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Francine Jay. |
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Documentário disponível na Netflix. |
O
primeiro foco foi nossa sala, que aqui abriga home office, sala de estar e sala
de jantar. Foi libertador retirar livros, DVDs, CDs, objetos de decoração,
porta retratos e ver as superfícies livres para o que precisasse ser feito.
O
segundo foco foi o quarto de nossa futura filha. Em 3 anos de espera eu já
tinha muitas coisas, como baldes, cesto, kit de berço, brinquedos comprados por
impulso, bolsas de maternidade de primeira linha, mamadeira, chupeta, kit
higiene, lembrancinhas para o chá de boas vindas, ou seja, quase tudo o que um
bebê precisa. Algumas coisas foram doadas para 2 bebês, e o que ficou, está
aguardando para ir pro novo lar.
O
resultado foi que em 60 dias descartei 365 objetos, ou seja, a meta de um ano
para um minimalista iniciante. Imaginem quantas coisas havia na nossa casa que
não eram mais utilizadas, ou estavam aguardando um evento especial, ou até
mesmo a pessoa especial chegar, nesse caso, estou falando de tudo o que eu
tinha comprado para quando nossa bebê chegasse pela cegonha da adoção.
Sobre
o destino das coisas? A maioria foi doada. A casa Seara Espírita Francisco de
Assis vai receber parte dos objetos para o bazar solidário que existe lá.
Outras coisas vou oferecendo para quem eu sei que vai precisar montar um lar. É
assim que aquilo que não é mais útil para nós vai sendo importante para quem
precisa.
O
trabalho por aqui não terminou, apenas começou. Ainda vou me dedicar aos
armários de roupa, armários da cozinha e armários do meu home office, e a certeza
é que muita coisa ainda vai sair, para que o bom humor, a alegria e o tempo
livre se juntem e nos ajudem a ter nossos momentos em família sob as bênçãos de
São Francisco.
Ser
minimalista é um processo. Não quero ser o filósofo estoicista Diógenes, que só
tinha um pão, uma roupa e um barril para viver. Mas quero ser uma pessoa que
vai trabalhar não para pagar pelas coisas e sim para viver novas e boas
experiências, valorizando o ser no lugar do ter.
E
vocês? Que área de suas vidas precisam destralhar? Venham comigo e
redescobriremos juntos um novo estilo de vida.
Um
grande abraço e até logo.
Andreia
Regina
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