domingo, 26 de fevereiro de 2012

Pra dizer adeus: sobre doar e ser feliz

Na sociedade do consumo somos incentivados a comprar cada novidade que surge no mercado, desde o mais novo celular com 4 chips até a calça saruel color block da passarela. Posso ter exagerado nos exemplos, mas cada dia percebo o quanto acumulamos coisas em nossos armários, guarda roupas e estantes e nem percebemos isso como um entulho em nossas vidas.
www.oescarnio.blogspot.com

Nas filosofias orientais, coisas acumuladas e que não estão sendo usadas com frequência interrompem o fluxo de prosperidade e ao longo do tempo atrapalham nosso progresso, ou seja, o Chi.
BA GUA: www.espacomulher.org

 Vamos pensar de forma prática: cada vez que saio e trago algo novo, o que acontece com aquilo que eu usava antes? Geralmente as pessoas guardam tudo. Mas afinal, além das crenças orientais, como o Feng Shui, o que mais nos orienta a não acumular "tralhas"? Acho que um conceito de sustentabilidade e mais preocupação com o meio ambiente podem ser pautados como dois elementos importantes para essa conversa. Os chineses antigos já tinham essa consciência e escolhiam com cuidado os lugares onde estabeleceriam suas comunidades, ou seja, procuravam harmonia com o meio ambiente. O meio ambiente é tudo o que nos cerca e isso inclui desde a região do planeta que habitamos até a nossa casa.
www.debatesculturais.blogspot.com

Quando comecei a ler sobre Feng Shui  minha primeira preocupação foi procurar doar aquilo que não usava por mais de seis meses. A minha lista sempre teve livros e roupas. Era comum deixar as roupas na casa de minha mãezita e pedir para ela dar novos destinos, o problema foi que, logo descobri que ela guardava todas as minhas roupas e as usava. A dificuldade dela era justamente se desfazer de qualquer coisa que estivesse ligada ao cotidiano da família.
E não adiantava eu reclamar, ela sempre tinha um dinheiro extra para comprar roupas novas, sapatos e sandálias e mandar para os parentes necessitados, mas nunca enviava as que eu entregava. Qual a solução que encontrei? Armazeno tudo em uma sacola dentro do guarda roupa e quando alguém passa por aqui e pede alguma coisa, acaba levando as roupas junto.
As roupas e sandálias dos enteados-filhotes tem destino certo: vão para os primos ou para os filhos dos vizinhos e amigos. Como os dois estão crescendo muito rápido, todos os trimestres faço uma triagem na cômoda e acabo descobrindo um short, uma camiseta ou um sapato que não cabem mais, mas que podem ser usados por outras crianças. Essa prática aprendi na minha família. Recebia roupas dos primos e nunca me incomodei com isso, então, na nossa família sempre partilhamos as roupas. Também recebemos roupas do primo Victor para o nosso pequeno e lhe digo para agradecer sempre e dizer que gostou de ter recebido algo do priminho mais velho.
Os brinquedos são outro alvo. Os meus sogros adoram presentear as crianças e nas festas de aniversário, dia das crianças e natal eles recebem mais presentes. No final do ano peço para que cada um procure em suas caixas aqueles carros, bonecos e jogos que não querem e fazemos a doação também. O importante disso é ensinar o desapego e a compartilhar aquilo que já não estamos utilizando. No quarto deles existe uma caixa onde ficam os brinquedos menos usados. Eventualmente eles resgatam um ou outro, mas geralmente a maioria vai para a doação.
No nosso caso, acumulamos muitos livros por causa de nossa profissão de professores e também de leitores. Com os livros foi sempre a mesma coisa: doava para meus ex-alunos da faculdade, para meus amigos e até para pessoas desconhecidas. Hoje, quando acumulamos livros e revistas demais, eu e marido corremos até o sebo do Irmãozinho e trocamos de 20 a 30 livros por apenas dois ou três materiais. Voltamos de sacolas vazias, mas sempre mais aliviados.
Agora o novo desafio, tornar a casa menos entulhada possível. Por onde comecei? Pelas paredes. Ao longo dos anos ganhei vários quadros de amigos e como temos uma casa pequena, os espaços se tornavam menores ainda por causa tanto da dimensão de algumas telas, como também pela quantidade.

Gosto de arte e adoro decorar os espaços, entretanto senti que precisava deixar algumas paredes respirarem e qual foi a minha decisão? doar quatro das minhas telas e quadros e ficar com apenas quatro delas. Das que ficaram duas foram presentes das amigas Zildalte e Hilana, a terceira eu comprei de um  amigo e artista plástico e a quarta é um papiro da rainha Nefertiti que ganhei da minha ex-professora da faculdade Graça Brandão. As outras tem destino certo: a coleção de quadros com temática marítima do meu sogro, as casas de meu irmão e minha amiga Nette.
Precisamos aprender a dizer adeus ao acúmulo e liberar o espaço para o novo e principalmente para tornar a vida mais simples e harmônica. Não precisamos nos tornar peritos (as) ou especialistas em feng shui, mas necessitamos incorporar valores que tornem nossas casas e apartamentos verdadeiros lares, não apenas uma página de revista de decoração.

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