Olá todo mundo. Saudades de conversar com vocês. Os últimos meses foram de muita luta e dor na nossa família com a partida de meu amado sogro e segundo pai para a pátria espiritual, mas, quatro meses após sua partida, é hora de retomar o ritmo da vida e recomeço hoje compartilhando com vocês um artigo que escrevi dois meses atrás e foi publicado no Jornal O Seareiro, ano VII, edição nº 30.
No artigo, discuto o papel da maternidade na vida das mulheres, sejam elas mães pelos laços de sangue ou pelos laços espirituais.
Espero mesmo que gostem da leitura e que possamos retomar nossa terapia da casa. Um forte abraço e muita luz.
Ao longo dos milênios,
abundaram exemplos edificantes de mães que se consagraram no exercício da
maternidade, compreendendo a tarefa como uma missão dada pelo Pai Celestial e
que deve ser cumprida com responsabilidade, amor e zelo. Maria, aparece como um
dos mais sublimes modelos de maternidade, quando se torna veículo da vinda do
filho de Deus e assume o papel de educá-lo, acompanhá-lo e encorajá-lo nos
momentos mais difíceis de sua jornada no plano terreno.
Na ciência antropológica,
defende-se que a maternidade é uma construção cultural, que se desembaraçou dos
impulsos instintivos muitas eras atrás. Ou seja, o sentimento de ser mãe na
concepção de uma tarefa missionária ainda não é entendido por muitas, que
esquecidas dos compromissos estabelecidos no plano espiritual, tratam sua prole
com negligência, abandono e desinteresse.
Sobre a função da mulher
diante da maternidade, Cury (2015, p.26), nos informa que: “O seu papel era imenso, portanto, e enorme a sua responsabilidade,
haja em vista que a ela cabia preparar o homem futuro (seu filho ou seus
filhos) no sentido de seres humanos encarnados – homens e mulheres”.
Sendo a família o espaço das
primeiras sociabilidades do indivíduo, cabe então à mulher, no papel de mãe desempenhar
os primeiros cuidados e assegurar o afeto necessário para o pleno
desenvolvimento psicossocial da criança. Graças à bênção do esquecimento de
nossas vidas passadas, adentramos em uma família sem lembrar dos desafetos ou
laços de ternura que nos envolviam, podendo assim retomar uma nova existência
para promover a união harmoniosa entre os familiares ou aparar as arestas
necessárias no nosso caminho evolutivo.
Mas de onde advém esse
compromisso da mulher para a maternidade? A espiritualidade amiga nos esclarece
essa questão no Livro dos Espíritos, na pergunta de número 821, formulada pelo
Codificador Allan Kardec (2006, p.427):
- As funções a que a mulher é
destinada pela natureza terão importância quanto as deferidas ao homem?
- Sim, maior até. É ela quem
lhe dá as primeiras noções da vida.
Ou seja, enquanto seres
sociais e culturais, somos dependentes desde o momento do nascimento da figura
materna, que nos alimenta ao seio ou nos coloca sobre seu peito para que
possamos sentir seu calor maternal. Sendo assim, o filho ou filha, exige afago
e afeto, para que se desenvolva um apego saudável. Essa mãe, então, precisa ser
nos termos da psicologia, uma mãe suficientemente boa para amar e instruir nos
primeiros passos pela vida.
Sobre esse aspecto, Franco
(2015, p.12), nos informa que: “Quando
procria com responsabilidade atinge um dos momentos clímax da existência,
especialmente quando se torna consciente do significado da progenitura”.
O conhecimento do significado
da progenitura se aplica tanto ao homem quanto à mulher, sendo tarefa conjunta
educar e orientar os filhos nos caminhos terrenos. Mas quando a consciência
desse papel não se instala, assistimos tristemente os casos de aborto,
violência e perversidade que se revelam instrumentais para o desalinho da
sociedade e que conduzirão à terríveis provações aqueles que se negaram a
assumir o compromisso estabelecido anteriormente ainda no plano espiritual.
Como nos adverte Franco (2015, p.32): “Os
filhos são responsabilidades sérias que não podem ser descartadas sem as
consequências correspondentes”.
E quando os filhos biológicos
não chegam? Aí ocorre o que chamamos de maternidade afetiva, quando homens e
mulheres entendedores da importância da maternidade para burilamento de seu
espírito e prova para evolução moral individual, buscam reencontrar aqueles
espíritos que já cruzaram seus caminhos em outras reencarnações para dessa
maneira, continuarem com a sua missão terrena.
O próprio Jesus de Nazaré nos
revelou o papel dos laços espirituais na construção das afinidades que nos
reúnem nas famílias, mostrando o lar como espaço privilegiado para o amor ao
próximo e exercício da caridade. É Santo Agostinho (2004, p.279) que nos faz o
alerta:
“Ó
espíritas! Compreendei agora o grande papel da Humanidade; compreendei que,
quando produzis um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir;
inteirai-vos dos vossos deveres e ponde todo o vosso amor em aproximar de Deus
essa alma; tal a missão que vos está confiada e cuja recompensa recebereis, se
fielmente a cumprirdes. Os vossos cuidados e a educação que lhe dareis
auxiliarão o seu aperfeiçoamento e o seu bem-estar futuro. Lembrai-vos de que a
cada pai e a cada mãe perguntará Deus: Que fizestes do filho confiado à vossa
guarda?”.
Assim, a maternidade é uma
missão de suma importância para evolução dos espíritos encarnados e progresso
moral da sociedade em conjunto. Maria João de Deus, mãe do caridoso e amado
Chico Xavier, provou que o amor materno sobrevive ao túmulo, pois mesmo depois
de desencarnada nunca deixou de trazer alento e afago ao filho querido, deixado
para cumprir outra missão na terra. Que todos possamos lembrar da nossa missão,
seja no papel de filhos, seja enquanto pais.
Muita luz!
Referências bibliográficas:
CURY, Antônio Moris. O papel da mulher. In: Anuário Espírita
2015. Mulheres, cristianismo e espiritismo. São Paulo: Ide, 2015.
FRANCO, Divaldo. Constelação familiar. 3.ed. Salvador:
Leal, 2015. Pelo espírito de Joanna de Ângelis.
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o espiritismo. Com
a explicação das máximas morais do Cristo em concordância com o espiritismo e
suas aplicações às diversas circunstâncias da vida. 124. ed. Rio de Janeiro:
Federação Espírita Brasileira, 2004.
____________. O Livro dos Espíritos. Princípios da
doutrina espírita. 84. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2006.
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